INVENTÁRIO FLORESTAL E LAUDO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA URBANA, EM GOIÂNIA, GOIÁS
INVENTÁRIO FLORESTAL E LAUDO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA URBANA, EM GOIÂNIA, GOIÁS
RESUMO
Este trabalho refere-se a um levantamento florístico realizado em uma área de 960 m², em Goiânia, estado de Goiás. Foi realizado o inventário florestal 100%, por se tratar de uma área pequena. Todas as árvores com DAP ≥ 5 cm (diâmetro a 1,30 metros de altura em relação ao nível do solo) foram identificadas, contabilizadas e tiveram as alturas totais e os DAP’s mensurados. Os diâmetros foram medidos com suta e as alturas com clinômetro eletrônico. A identificação das espécies foi feita até o nível de espécies, sempre que possível. O objetivo do estudo foi conhecer a flora arbórea local, quantificando-a e mensurando as suas dimensões em diâmetro e altura total para identificar as espécies dominantes e as espécies raras e se existem espécies protegidas por Lei, imunes ao corte. A flora indicou ser uma fitofisionomia florestal, com árvores de médio e grande porte, para o Cerrado. Não foram encontradas espécies protegias por Lei e imunes ao corte, segundo a legislação municipal. Este tipo de levantamento florestal é demandado pela Agência Municipal de Meio Ambiente/AMMA, no município de Goiânia/GO, especialmente, para quantificar a Compensação Ambiental referente à supressão da vegetação, em cordo com a legislação vigente.
PALAVRAS-CHAVE: Fitossociologia; Cerrado; biometria; dendrologia
INTRODUÇÃO
O presente trabalho refere-se a um relatório técnico de inventário florestal, seguindo o Termo de Referência da Agência Municipal de Meio Ambiente/AMMA para Laudo de Vegetação (AMMA, 2023). O objetivo da publicação é auxiliar profissionais recém-formados ou com pouca experiência em inventários florestais a analisar os dados e a escrever os seus relatórios técnicos e, com isso, contribuir e auxiliar estes profissionais em sua atuação profissional.
Trata-se de levantamento florístico, Inventário Florestal 100%, em uma área de 960 m², localizada em Goiânia-GO. O imóvel é privado e está localizado em uma área urbana, onde foi feito o diagnóstico da vegetação e o levantamento das árvores existentes, conforme especificado Termo de Referência para Laudo de Vegetação, da Diretoria de Áreas Verdes e Unidades de Preservação e Conservação – DIRAVU, da Gerência de Arborização Urbana –GERARB, da Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia/AMMA.
OBJETIVO E JUSTIFICATIVA
O objetivo foi conhecer a flora arbórea local, quantificando-a e mensurando as suas dimensões em diâmetro e altura total para identificar as espécies dominantes e as espécies raras, checando se existem espécies protegidas por Lei, imunes ao corte. A justificativa está relacionada a um processo de Licença/Autorização para supressão da vegetação local.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado o inventário florestal 100%, por se tratar de uma área pequena. Todas as árvores com DAP ≥ 5 cm (diâmetro a 1,30 metros de altura em relação ao nível do solo) foram identificadas, contabilizadas e tiveram as alturas totais e os DAP’s mensurados. Os diâmetros foram medidos com suta e as alturas com clinômetro eletrônico. A identificação das espécies foi feita até o nível de espécies sempre que possível. As árvores bifurcadas tiveram todos os DAPs mensurados e foi calculado o diâmetro equivalente para as análises quantitativas, conforme Soares et al. (2011).
Foi feita a análise fitossociológica e os estudos de riqueza e diversidade florística, assim como a análise da distribuição diamétrica e de alturas, e as relações hipsométricas, seguindo Venturoli (2015). As árvores mortas em pé foram quantificadas e mensuradas somente em DAP.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A vegetação local é um pequeno fragmento de Floresta Estacional Semidecidual. Detalhes sobre este tipo de formação florestal estão disponíveis em Pereira et al. (2011).
No local foram encontradas 48 árvores, pertencentes a 19 espécies, de nove famílias botânicas. As espécies mais importantes aferidas pelo índice de Valor de Cobertura/IVC foram Machaerium acuminatum Kunth (14 indivíduos), Inga cylindrica (Vell.) Mart. (5 indivíduos), Virola sebifera Aubl. (5 indivíduos) e Platymiscium floribundum Vogel (4 indivíduos). Estas quatro espécies representaram 54,3% do IVC. As árvores mortas em pé representaram 10,6% do IVC, ocupando a terceira posição no rank de IVC. As demais espécies, 15 no total, apresentaram apenas um indivíduo cada uma, sendo consideradas raras localmente. Quatro espécies não foram identificadas e estão em análise pelos especialistas da UFG. A família Fabaceae foi a mais importante, com seis espécies de seis gêneros diferentes e 26 indivíduos no local (54% das árvores pertencem a esta família) (Tabela 1).
Tabela 1. Análise fitossociológica do Inventário Florestal. DA e DR são as densidades (número de plantas) absolutas e relativas de cada espécie; DoA e DoR são as dominâncias (área basal em m²) absolutas e relativas de cada espécie; e IVC e IVC % representam os Índices de Valor de Cobertura (somatório das DR e DoR de cada espécie). Ordem decrescente de IVC.
ESPÉCIES |
DA |
DR |
DOA |
DOR |
IVC |
IVC% |
Machaerium acuminatum Kunth |
14 |
0,292 |
0,263 |
0,182 |
0,141 |
23,7 |
Inga cylindrica (Vell.) Mart |
5 |
0,104 |
0,294 |
0,203 |
0,307 |
15,4 |
MORTA |
4 |
0,083 |
0,187 |
0,129 |
0,212 |
10,6 |
Platymiscium floribundum Vogel |
4 |
0,083 |
0,126 |
0,087 |
0,17 |
8,5 |
Virola sebifera Aubl |
5 |
0,104 |
0,046 |
0,032 |
0,136 |
6,8 |
Copaifera langsdorffii Des |
1 |
0,021 |
0,113 |
0,078 |
0,099 |
5,0 |
Hirtella glandulosa Spreng. |
1 |
0,021 |
0,095 |
0,066 |
0,086 |
4,3 |
NÃO IDENTIFICADAS |
2 |
0,042 |
0,037 |
0,026 |
0,067 |
3,4 |
Annona sp. |
1 |
0,021 |
0,065 |
0,045 |
0,066 |
3,3 |
Xylopia aromatica (Lam.) Mart |
2 |
0,042 |
0,034 |
0,023 |
0,065 |
3,3 |
Cordia glabrata (Mart.) A. DC. |
1 |
0,021 |
0,036 |
0,025 |
0,046 |
2,3 |
SP3 |
1 |
0,021 |
0,031 |
0,022 |
0,043 |
2,1 |
Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin |
1 |
0,021 |
0,027 |
0,019 |
0,039 |
2,0 |
Plathymenia reticulata Benth. |
1 |
0,021 |
0,026 |
0,018 |
0,039 |
1,99 |
SP4 |
1 |
0,021 |
0,02 |
0,014 |
0,034 |
1,7 |
Aspidosperma sp. |
1 |
0,021 |
0,019 |
0,013 |
0,034 |
1,7 |
Platypodium elegans Vogel |
1 |
0,021 |
0,012 |
0,008 |
0,029 |
1,5 |
Zanthoxylum rhoifolium Lam. |
1 |
0,021 |
0,008 |
0,005 |
0,026 |
1,3 |
Buchenavia tomentosa Eichler |
1 |
0,021 |
0,008 |
0,005 |
0,026 |
1,3 |
TOTAL |
48 |
1 |
1,447 |
1 |
2 |
100 |
A diversidade florística local, estimada pelo índice de Diversidade de Shannon/H’, foi 2,47 nats.indv-¹, com uma equabilidade J-Pielou de 84% da diversidade máxima possível para as 19 espécies. Neste caso, esta diversidade pode ser considerada alta e indica que não há dominância de uma espécie sobre as demais, apesar de Machaerium acuminatum Kunth representar 29,1% das árvores. Isso ocorre porque as demais espécies, mesmo sendo raras, são muitas, representando 70,9% das árvores e 94,7% das espécies.
Em relação à dimensão das árvores, oito delas possuem alturas maiores do que 10 metros, caracterizando a fisionomia florestal da área. A mais alta é uma Copaifera langsdorffii Desf. com 15 metros de altura e 38 centímetros de DAP. A altura média do dossel é 7,9 m, variando de 3,5 m a 15 m. O DAP médio é 17,3 cm, variando de 6,0 cm a 46 cm.
A Figura 1 apresenta a distribuição de diâmetros e de alturas das árvores locais e a Figura 2 os boxplot com a dispersão dos valores em relação à mediana.
Figura 1. Distribuição diamétrica e de alturas totais das árvores no Inventário Florestal
A Figura 1 mostra que a maioria das árvores possuem DAP até 20 cm e alturas até 10 m. Resultado esperado em florestas naturais.
Figura 2. Boxplot dos DAP e alturas totais (HT). ° indicam as árvores de maiores diâmetros e alturas
A Figura 2 mostra que 50% das árvores têm diâmetros maiores do que 15,1 cm (mediana dos DAP’s) e indica também que 50% das árvores possuem entre 10,0 cm e 19,0 cm de DAP. A mediana das alturas é 7,8 m, sendo que 50% das árvores têm entre 6,2 m e 9,6 m.
A relação hipsométrica foi considerada boa, podendo a equação ser utilizada para estimativas de alturas a partir dos DAP’s equivalentes (Figura 3).
Figura 3. Relação hipsométrica das árvores locais
A identificação das espécies seguiu APG IV e foi conferida no herbário virtual do Jardim Botânico de Missouri/MOBOT (tropicos.org) e Pereira (2023): Árvores do Bioma Cerrado. A flora segue relacionada na Tabela 2.
O cálculo da Compensação Ambiental referente à supressão destas árvores é feito pelo corpo técnico da AMMA/GO. Aplica-se a legislação atual. O Viveiro-Florestal da UFG possui mudas de árvores nativas do Cerrado que contemplam as exigências da AMMA para a Compensação Ambiental (Pró-Floresta, 2022)
CONCLUSÕES
A flora encontrada indica uma área de fitofisionomia florestal com árvores de médio e grande porte. Não foram encontradas espécies protegias por Lei e imunes ao corte. A riqueza florística foi de 19 espécies, de nove famílias botânicas, distribuídas em 48 árvores. A família mais comum foi Fabaceae e a espécies mais abundante foi Machaerium acuminatum Kunth. A distribuição de diâmetros e alturas é característica para florestas naturais e a fitofisionomia local foi classificada como um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Pereira BA da S, Venturoli F, Carvalho FA. Florestas estacionais no cerrado: uma visão geral. Pesqui Agropecu Trop [Internet]. 2011Jul;41(Pesqui. Agropecu. Trop., 2011 41(3)). Available from: https://doi.org/10.5216/pat.v41i3.12666.
Pellico Netto, S. Brena, D. Inventário Florestal. UFPR, Curitiba, 1997.
<profloresta.agro.ufg.br> acesso em dezembro de 2022.
Venturoli, F. Inventário Florestal:
princípios para uma aplicação prática. UFG, Goiânia. 2015.
Related Files | Size | Archive Fingerprint |
---|---|---|
INVENTÁRIO FLORESTAL E LAUDO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA URBANA, EM GOIÂNIA | 278 Kb | 13d70c0d4348df0c2b692140d61e1a84 |